By Antonio Mota
Há cerca de cinco anos, mais precisamente no dia 29 de maio de 2019, o Flamengocolocava um ponto final na segunda passagem de Abel Braga pelo time. Contratado no início daquela temporada, o hoje ex-treinador comandou o Fla por cerca de cinco meses, conquistou o Estadual e a folclórica Flórida Cup. Abelão levou o time às oitavas de final da Libertadores e venceu o jogo de ida das oitavas da Copa do Brasil. A equipe estava na sexta posição no Campeonato Brasileiro no dia da sua saída.
Mas, afinal, meia década depois, já em 2024, após tantos títulos, vexames e altos e baixos, por que lembrar dos tempos de Abel Braga no comando do Mais Querido? Vamos entender.
Em 2019, Abel Braga comandou o Flamengo em 32 jogos. O treinador conseguiu 19 vitórias, oito empates e cinco derrotas. O aproveitamento foi de 67.7%. Sob seu comando, o Rubro-Negro anotou 59 gols e sofreu 29. Mais, o veterano ainda conquistou um título – desconsiderando a Flórida Cup – e não caiu em nenhuma competição.
Na atual temporada, o Flamengo de Tite disputou 25 partidas oficiais, com 15 vitórias, sete empates e três derrotas, o que resulta em um aproveitamento de pouco mais de 69%. A equipe, até aqui, já marcou 39 gols e levou 10.
Apesar das diferenças na quantidade de jogos e de gols sofridos, os números são parecidos e o aproveitamento entra na “margem de erro”. A questão, porém, não é essa – ou melhor, não se resume a isso, a dados e estatísticas. E as lembranças também não param por aí. É de repertório, qualidade de jogo, volume, intensidade... Chame como quiser, é de futebol que vamos falar.
Abel deixou o Flamengo por conta do futebol apresentado pelo time durante os primeiros meses de 2019, antes do início da era Jorge Jesus – deixamos o Mister em segundo plano nesse momento. Seu time vencia, mas não convencia. E assim o Rubro-Negro passava de uma partida para outra. Além disso, não era um time confiável, não era um time que correspondia às expectativas e investimentos... Não era um time para alçar voos maiores.
E como é o Flamengo de Tite? Com o treinador, até o momento, o Fla já conquistou, de forma ímpar, o Carioca e não caiu em nenhuma competição. A equipe também já venceu o primeiro jogo da terceira fase da Copa do Brasil e ainda tem chances de ir ao mata-mata da Libertadores. Portanto, em números e competições, tudo em ordem. Mas e o futebol? Existe um "Flamengo de Tite"? Isso, claro, sem sequer notar que o Rubro-Negro aumentou, e muito, os investimentos nos últimos anos.
Outro detalhe importante, e que merece ser citado, é que grande parte da torcida do Flamengo não tinha grandes amores por Abelão... E com Tite não é diferente. É outro, entre tantos, desafio para ex-treinador da Seleção Brasileira.
Veja bem. Não estou pedindo a demissão de Tite, mas é preciso olhar para o seu trabalho. O Flamengo de Tite, vamos seguir chamando assim, não joga nada há boas semanas. Aliás, os resultados do Carioca mais enganaram que ajudaram. E a prova está aí: o time venceu apenas um dos últimos seis jogos. E a qualidade do jogo da equipe despencou. As atuações do Flamengo são terríveis.
Falta tudo em um time que tem estrutura de ponta, ciência em mãos, recursos, investimentos, salários em dia e tudo do bom e do melhor. Sobra, entretanto, futebol jogado. Tite fala em melhorar, em trabalhar mais, em contexto, em grama, em altitude, em clima..., e o tempo vai passando enquanto o Flamengo segue estagnado em ideias que não funcionam (ou que ainda não funcionaram) e em uma forma de jogar pragmática e de pouco envolvimento.
Resta, agora, aguardar os próximos capítulos. Porém, o clima não é bom e o relógio já começou a correr contra.
Vale pontuar que Abel pediu demissão, mas por não ter mais suporte dentro do clube, que já vinha conversando com JJ.
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Este artigo foi publicado originalmente no 90min.com/pt-BR como Opinião: Flamengo de Tite me lembra os tempos de Abel Braga, em 2019; roteiro repetido?.